Depressão e parentalidade

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Quem tem filhos ou crianças a seu cargo, sabe que criá-los ou tomar conta deles nem sempre é uma tarefa fácil. Se tal não o é para quem se sinta bem do ponto de vista emocional, menos o será para quem esteja numa fase menos positiva.

Em particular, o estado emocional dos pais, ou de com quem as crianças passam mais tempo, pode ter repercussões no próprio bem estar dos mais pequenos, o que agrava todo o quadro – qual o pai/mãe/cuidador que, de forma consciente, lida bem com a depressão dos filhos?

Deste modo, pretendemos realçar a consciência de pais e cuidadores para o facto de estados depressivos poderem catapultar um ciclo negativo no seio da própria família.

Se nos períodos mais rígidos da pandemia o foco estava muito centrado nas crianças e adolescentes, que como sabemos estiveram temporariamente privados do contato presencial com o ambiente escolar, do convívio com os amigos e da própria atividade física regular, nesta altura importa alertar para possíveis sintomas de saturação acumulados pelos próprios pais e adultos e para o que podem representar indícios de depressão.

É sabido que crescer num ambiente de stress, agressivo ou desequilibrado, dá aso ao desenvolvimento de insegurança emocional aos mais novos. Se é importante que as crianças recorram a estratégias para ultrapassar fases menos boas, é ainda mais importante que o trabalho interior comece pelos próprios pais em primeiro lugar.

E como interpretar se a depressão está a afetar a parentalidade? 

A depressão é mais do que estar triste ou aborrecido, do que estar em baixo, prolonga-se no tempo e afeta de um modo negativo o nosso dia a dia, a nossa capacidade de funcionar. É aceitável que possam existir dias cansativos nos quais falte “vontade” de dar banho, de fazer o jantar, de ajudar nos trabalhos da escola, mas os exemplos abaixo são por norma sensações que se prolongam no tempo e todos eles com repercussões negativas:

  • Desapego e falta de ligação

A depressão pode gerar fadiga, falta de alegria e gerar algum afastamento social, incluindo dos próprios filhos, o que pode dar aso a que os próprios filhos vejam comprometidas necessidades básicas tais como a higiene, as rotinas de refeição ou a própria assiduidade escolar.

  • Sentimento de culpa

Pais que sofrem de depressão geralmente sabem que seus sintomas afetam a parentalidade, mas podem sentir dificuldade em implementar as mudanças que sabem que os filhos precisam. A este fator, acrescem possíveis quadros de pensamento negativo e o ruminar característico da depressão que podem induzir sentimentos de frustração quanto à sua capacidade de ser uma boa mãe ou um bom pai. Naturalmente, este ciclo de culpa e autocrítica abala ainda mais a confiança dos pais nas suas capacidades, mesmo sem um motivo aparente. 

  • Alterações de comportamento

Sinais de alerta podem ser por exemplo alterações de apetite, dos padrões de sono, a tendência a fugir da socialização (isolamento) ou as alterações de memória ou capacidade de raciocínio. Por si só não representam um quadro de depressão, mas devem ser consideradas de acordo com o contexto.

E o que devem os pais fazer?

Em primeiro lugar, ter consciência de que o cenário de depressão não é permanente. Por outro lado, e tendo uma atitude preventiva, existem várias estratégias não apenas de tratamento, como também de acautelamento deste tipo de desafios emocionais.

  • Procurar ajuda psicológica

Os pais que sofram de depressão podem beneficiar bastante de orientações específicas sobre como exercer a parentalidade de forma eficaz, e não pensar apenas que estão a recorrer a um tratamento focado apenas em si. Particularmente falando de Consultas de Psicologia, estas servem para dotar os pais de ferramentas que possam melhorar a capacidade de entender os comportamentos típicos dos mais jovens e como os seus próprios sintomas podem despoletar determinados comportamentos nos filhos. Como isto, pretende-se desenvolver de forma personalizada um estilo parental que favoreça as relações entre pais/filhos.

  • Obter ajuda também para o seu filho

Uma opinião neutra, especializada e que entenda o que a criança está a viver, pode aliviar muito do sofrimento ou compreender o que estas sentem quando um dos pais atravessa um mau momento. É também o papel do psicólogo ensinar sobre o que é a depressão e como lidar de forma mais eficaz com a situação dos pais.

Para além disso, a psicoterapia pode melhorar os problemas comportamentais e emocionais da criança, ajudando a quebrar ciclos negativos que possam agravar a depressão dos próprios pais.

  • Reforçar a ligação com a família e amigos 

Viver com depressão significa estar tão emocionalmente sobrecarregado que se perde o gosto pelos pequenos prazeres da vida. Estar com os mais queridos é estar próximo de com quem se partilharam as melhores memórias, de quem se recebem os melhores conselhos e de quem é capaz de apoiar nos momentos mais difíceis.

E por onde começar? Comece por si!

Se suspeita (ou sabe) que enfrenta uma depressão e especialmente se tiver crianças a seu cargo, é essencial procurar apoio psicológico. Esperar que os sintomas passem é uma medida não aconselhada, muito menos nestes casos. O psicólogo ajuda-nos a desenvolver competências que nos permitem lidar com os nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos, incentivando algumas alterações no que nos pode estar a causar dificuldades e encontrar soluções.

Ao procurar ajuda, irá descobrir que a parentalidade será descomplicada e a sua família – incluindo o seu filho (ou filha/filhos) – sairá também beneficiada por um ambiente mais saudável, positivo e, mais importante, com o seu contributo.

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