Psicologia Infanto-Juvenil – Crescer na era digital

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"Deixa-me brincar com o telefone" "Já vou" Se é pai/mãe, soa-lhe familiar?

Já reparou no quão as crianças são fascinadas pela tecnologia? Efectivamente, ligar uma televisão ou qualquer outro dispositivo permite aos adultos em redor conversar sem serem interrompidos, terminar trabalhos, viajar sem “distúrbios” na traseira do carro, etc.

Quando pensamos no comportamento dos adolescentes, o fascínio mantem-se, sobretudo pelos telefones, e facilmente, ao serem chamados, se ouvem respostas semelhantes a “já vou, calma” ou “hãn?” (totalmente ausentes da conversa).

Mas afinal de que forma é que a tecnologia afecta os mais novos?

Estima-se que apenas aos 16 anos o cérebro da criança atinja a maturidade suficiente para controlar a sua consciência de forma autónoma e responsável. Os estudos indicam que quanto mais rico for o desenvolvimento em termos de actividade física, comunicação, expressão artística e contacto com a natureza (incluindo plantas e animais), melhor é o desenvolvimento do cérebro e respectivos órgãos sensoriais. 

Será que o “sossego” para os adultos ajuda as crianças? Provavelmente não.

Basta recuarmos duas décadas no tempo para nos apercebermos das diferenças comportamentais entre os jovens e crianças de ontem comparados com os de hoje. Quantos jogam às escondidas? Hoje existem recintos desportivos em praticamente todas as freguesias, excluindo-se o perigo de jogar na rua com carros a passar. Mas mesmo assim, quantos jogam futebol com os amigos na rua? Quantos jogam ao berlinde ou constroem carrinhos de rolamentos? Mais simples: Quantos passam tardes a jogar jogos de tabuleiro como o Risco, Monopólio ou Sabichão?

“Os tempos são diferentes”

dizem os pais que tiveram juventudes plenas de tudo o que os de hoje não têm. 

O cérebro beneficia da socialização e interação com o mundo (real) que nos rodeia. A tecnologia é importante, deveras fascinante e adorada tanto por crianças como por adultos, mas deve ser utilizada por necessidade e não como passatempo.

Com os primeiros sinais de regresso ao “normal” e/ou uma eventual ida de férias, torna este preciso instante o momento ideal para reduzir a exposição dos mais novos a estes equipamentos. Numa era de incerteza em que passamos o tempo a imaginar como será o futuro, está nas mãos dos adultos a oportunidade de fazer regressar aquilo que tornou as suas infâncias memoráveis.